Glogal Big Day e Observação de Aves em Santa Cruz do Sul

        Mais um dia de diversão e observação de aves, mas para nós, as duas coisas podem ser uma só. Nossa intenção, além de nos divertir, era contribuir para o sucesso de um evento Mundial de observação de aves. O Global Big Day é organizado pelo The Cornel Lab, ocorre semestralmente e cada vez mais possui adesão de observadores de aves ao redor do mundo.
         Acordamos cedinho, preparamos aquele mate e seguimos para Santa Cruz do Sul. Desta vez havíamos planejado dois lugares para visitar. O primeiro foi o espaço Vida Nova e depois uma área localizada próximo ao Rio Pardinho, ambos em Santa Cruz do Sul.
          O espaço Vida Nova apresenta um total de 22 hectares, compreendidos entre as áreas das construções e o mato. As construções datam de 1889 e já foram utilizadas para diversos fins. O mato apresenta diversas espécies da flora  da Mata Atlântica, tendo muitos exemplares do palmito juçara (Euterpe edulis) e outras exóticas como os eucaliptos. O espaço Vida Nova é um lugar onde podemos perceber a força da natureza, pois ela é implacável na recuperação de seus espaços.Quem desejar saber um pouco mais sobre o local, pode visitar a página do Vida Nova no Facebook.
Entrada para o espaço Vida Nova. Fotografia: Cynara Kaempf
          Começamos a observação às 7h das manhã sendo que estávamos em 9 pessoas neste momento. Percorremos algumas trilhas e fomos registrando as espécies que apareciam. Sempre penso que somos muito felizes por essas experiências que vamos vivenciando ao longo da nossa história como observadores de aves.
Vista geral de uma das trilhas que realizamos, percebe-se o tamanho das árvores e o sub bosque bem preservado. Fotografia: Cleberton
           Durante as trilhas no Vida Nova avistamos e escutamos diversas espécies, tais como Habia rubica (tiê do matogrosso), Tangara sayaca (sanhaço cinzento), Synallaxis ruficapilla (pichororé), Cyclarhis gujanensis (pitiguaria), Piculus aurulentus (pica pau dourado), Euphonia chlorotica (fim fim), Euphonia chalybea (cais cais), Cacicus chrysopterus (tecelão), Icterus pyrrhorpterus (encontro) entre outras tantas.
Macho de Habia rubica (tiê do mato grosso) se exibindo e nos presenteando com o canto e o chamado. Fotografia: Morci
Synallaxis ruficapilla (pichororé) "dando sopa" para registros fotográficos. Fotografia: Morci.
Macho da Dysithamnus mentalis (choquinha lisa), bastante comum no local. Fotografia: Cleberton
Participantes da observação no Vida Nova. Da esquerda para a direita: Cleberton, Morci, Marco, Ana, Io, Felipe, Samuel, Astor e Karin. Fotografia: Cleberton.
Leptopogon amaurocephalus (cabeçudo). Fotografia: Samuel Oliveira.
Enorme quantidade de palmitos juçara no local. Fotografia: Cleberton
          Observar aves é um exercício de paciência e silêncio. Caminhar por entre árvores e arbustos, sentir o cheiro da terra molhada sob nossos pés, sentir o aroma das flores e plantas no decorrer do trajeto, aguçar o ouvido para escutar os sons que a floresta nos revela é muito legal. Neste caso eu posso citar dois eventos em especial. O primeiro foi o vento agitando a copa dos Guapuruvus fazendo com que as suas pequenas folhas caíssem sobre as outras árvores dando a impressão que estava chovendo. Na verdade estava, era chuva de folhas que forravam o chão. O segundo foi a incidência dos raios solares entre os palmiteiros, adicionado com os resquícios da neblina que ainda pairavam no ar, deram um tom especial na saída da última trilha no Vida Nova.
Aproveitamos um pouquinho da energia do sol e seguimos.... Fotografia: Cleberton
Ela também aproveitou a energia do sol. Fotografia: Morci
          Por volta das 9h45min, decidimos continuar a observação em outro local. Nos despedimos dos participantes que não continuariam e seguimos para uma área localizada às margens do Rio Pardinho. Este lugar apresenta mata bem preservada sendo um excelente local para observação. Samuel conhece bem o local visto que fez seu estudo de Conclusão de Curso neste local.
Trilha em meio a vegetação na área próximo ao Rio Pardinho.
         O local é propício para diversas espécies de aves. Logo na entrada avistamos um casal de Dysithamnus mentalis (choquinha lisa), em diversos pontos escutamos as Chamaeza campanisona (tovaca campainha) vocalizando, escutamos um bando de Pyrrhura frontalis (tiriba de testa vermelha) que passaram voando logo acima da copa das árvores, Carpornis cucullata (corocoxó) vocalizando nas proximidades. Também avistamos Xiphorhynchus fuscus (arapaçu rajado), Pipraeidea melanonota (saíra viúva), Platyrinchus mystaceus (patinho), Triclaria malachitacea (sabiá cica) entre outras espécies.
Heliobletus contaminatus (trepadorzinho). Fotografia: Karin
          Este fulaninho acima foi uma grata surpresa para a manhã. Gerou uma boa discussão a respeito da identificação, pois foram poucas fotografias boas, feito esta da Karin, que permitiram uma identificação com clareza. Segundo informações repassadas pelo Samuel, ele não havia encontrado esta espécie nesta área quando realizou o estudo do TCC. Ele também comentou que já havia encontrado esta espécie na RPPN da UNISC, que é um local mais elevado.
Trogon surucura (surucuá variado) pegando um solzinho. Fotografia: Cleberton.
          Foi uma manhã excepcional em que conseguimos observar e escutar 88 espécies diferentes nas duas áreas. A lista completa das espécies pode ser observada aqui. Incluo aqui o registro sonoro do Psittacara leucophthalmus (periquitão maracanã), pois foi identificado posteriormente.
          Caso tenhas interesse de acompanhar a contagem global das espécies observadas neste dia, podes acessar o site do Global Big Day.
  
         Nos vemos na próxima saída

Comentários

  1. Valeu Cleberton.... Belo relato da saída.

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  2. Que blz Cleberton!! Os raios de sol no resquícios de neblina formam uma composição muito incrível mesmo, sempre me encanto ao ver isso. Um grande abraço e parabéns pelo grande dia!

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    1. Grande Dante. É sim amigo, a natureza é mesmo incrível. Obrigado amigo. Forte abraço

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