Observação de aves no Cerro Botucaraí - Candelária

        Buenas amigos
        
        Depois de algumas tentativas frustradas em virtude das chuvas, eis que conseguimos conhecer o Cerro Botucaraí, em Candelária. A saída ocorreu no dia 9 de julho de 2017.
        Saímos de Lajeado cedinho, enquanto o pessoal de Encruzilhada do Sul fazia o mesmo. No encontramos no trevo de acesso a Santa Cruz do Sul, por volta das 6h da manhã e seguimos para o local. Logo no encontro, sabíamos que o dia seria muito legal, por rever os amigos de longe e também fazer novos amigos (uma das melhores coisas da vida). Ao todo, estávamos em 10 participantes, sendo eles o Astor, Ricardo, Samuel, Alexandre, Gabriela, Rodrigo, João, Thiago, Viviane e Cleberton.
           Chegamos ao local, pontualmente às 7h da manhã. Ainda estava escuro. Mas as abelhas africanas não estavam nem aí, já trabalhavam a todo o vapor nas flores dos eucaliptos. Os mosquitos parecia que estavam a vários dias sem alimentação, pensei que precisaria de uma transfusão de sangue. Nos minutos seguintes, comemos algo, espantamos os mosquitos, conversamos um pouco, espantamos os mosquitos, olhamos para o céu e a copa das árvores, espantamos os mosquitos e por aí foi. O local estava muito quieto, nenhum pássaro vocalizando. Vasculhamos novamente os eucaliptos e encontramos uma ave, parecia estar comendo os bichinhos voadores que davam por ali. Tentamos identificar, mas não conseguíamos por causa do escuro. Ela seguia fazendo acrobacias e capturando presas no ar. De repente, alguém identifica o mistério. Era um Glaucidium brasilianum (caburé). Então o alvoroço tomou conta da galera. Muitos nunca haviam visto a espécie antes. Ele é demais, silencioso e certeiro. Parecia esconder o pescoço, aparentando estar sempre de costas para os observadores (baita malandro). Voou de um lado e outro, deu umas conferidas e depois sumiu, não sendo mais visto o dia todo. Confesso que pela fama de predador voraz, esperava um porte maior, hehehe. 
Figura 1: Glaucidium brasilianum (caburé). Fotografia de Cleberton Bianchini.
         Começamos bem o dia, com uma baita recepção.
         Depois que o Glaucidium brasilianum (caburé) saiu, a bicharada "deu as caras". Começaram a cantar muito e de todos os lados. Ficamos observando pro ali durante alguns minutos para ver o que ia aparecendo. Por ali apareceram alguns Turdus rufiventris (sabiás laranjeira), bandos de Pyrrhura frontalis (tiribas), Myiothlypis leucoblephara (pula pula assobiador), entre outros.
Foto 2: Pyrrhura frontalis (tiribas). Fotografia de Astor Gabriel.
Figura 3: Caminhada no início da manhã. Fotografia de Astor Gabriel.
         Depois de uma caminhada pela estrada, resolvemos voltar e subir o cerro. Na volta ainda escutamos alguns indivíduos de Triclaria malachitacea (sabiá cica). No início da trilha, encontramos diversas espécies na borda da mata, entre elas Coryphospingus cucullatus (tico tico rei), Trichothraupis melanops (tiê de topete), Conopophaga lineata (chupa dente), Dysithamnus mentalis (choquinha lisa), entre outros. 
            Iniciamos a subida e a quantidade de espécies foi diminuindo. A subida é bastante íngreme e com muitas pedras soltas e raízes aparecendo, dificultando bastante o trajeto. A ausência de uma trilha específica faz com que as pessoas busquem alternativas para subir, isso aumenta o tamanho da trilha. Também contribui para que a vegetação, sub bosque, não cresça, contribuindo para a instalação de processos erosivos no local, devido as chuvas.
Figura 4: Vista geral do início da subida. Fotografia de Cleberton Bianchini.

            Vencida a subida, apreciamos a vista por alguns momentos. Afinal, nem só de passarinho é feita uma saída de observação.
Figura 5: Vista da face noroeste. Fotografia de Cleberton Bianchini.
Figura 6: Vista da face noroeste com sentido para o oeste. Fotografia de Cleberton Bianchini.

Figura 7: Vista da face norte, com sentido para oeste. Fotografia de Cleberton Bianchini.
Figura 8: Vista da face noroeste com sentido para o sudoeste. Fotografica de Cleberton Bianchini

Figura 9: Vista da face leste, com sentido para o sudeste. Fotografia de Cleberton Bianchini.
         Na descida a atenção foi redobrada, para evitar acidentes. Chegamos na base e ficamos observando por lá. Avistamos diversas espécies, dentre elas a Hemithraupis guira (saíra de papo preto), Turdus albicollis (sabiá coleira), Picumnus temminckii (pica pau anão de coleira). Para nossa sorte e espanto, apareceu também o Tyranniscus burmeisteri (piolhinho chiador).
Figura 10: Observando na estradinha na base do cerro. Fotografia de Cleberton Bianchini.

Figura 11: Observando na base do Cerro. Fotografia de Astor Gabriel.
            Ficamos mais um pouco na base do Cerro e resolvemos seguir para as várzeas do Rio. Entretanto, a várzea não parecia muito promissora, visto que era bastante antropizada. Resolvemos ir a Santa Cruz do Sul, em uma área de mato que já havíamos visitado antes. A lista do Cerro Botucaraí pode ser conferida aqui.
         Chegamos em Santa Cruz do Sul por volta de 14h. Deixamos os carros na estrada e seguimos para o interior do mato. O local apresenta um bom fragmento de vegetação. Foi utilizado pelo Samuel para realização de levantamento no trabalho de conclusão de curso.
          Logo de chegada o Schiffornis virescens (flautin) se apresentou para o pessoal de Encruzilhada. O fulano canta muito, é bastante curioso e fica enlouquecido quando coloca-se playback (cuidar para não exagerar). Seguimos pela trilha e apareceram mais algumas espécies, dentre elas pode-se citar a fêmea de um Tachyphonus coronatus (tiê preto), Habia rubica (tiê de bando), Chamaeza ruficauda (tovaca de rabo vermelho), Leptotila rufaxilla (juriti gemedeira), entre outras.
            O cansaço começou a pegar no pessoal e fomos voltando. No retorno da trilha percebemos que o céu havia ficado um pouco mais escuro. Continuamos e o céu foi ficando ainda mais escuro. Já no final da trilha, começou a garoar. Quando terminamos de acertar as tralhas nos carros a chuva caiu de gosto, pra coroar o final da saída. A lista completa das espécies avistadas em Santa Cruz do Sul pode ser conferida aqui.

          O dia foi muito bom, além dos passarinhos também conhecemos um lugar novo, fizemos novos amigos e revemos os velhos. Os destaques do dia ficam por conta do encontro com o Glaucidium brasilianum (caburé) logo na chegada, dos Triclaria malachitacea (sabiá cica) e do achado do Tyranniscus burmeisteri (piolhinho chiador). Reforçamos a ideia de que o esforço é recompensado, pois a subida não foi fácil, mas ganhamos a recompensa da bela vista do topo.

Muito obrigado pela companhia amigos, até a próxima.

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